domingo, 4 de setembro de 2011

Mês da Bíblia 2011


Dom Raymundo Cardeal Damasceno Assis

Arcebispo de Aparecida - SP

Estamos em setembro, e no Brasil já é uma tradição que este mês seja lembrado como o “Mês da Bíblia”.  Setembro foi escolhido pelos Bispos do Brasil como o mês da Bíblia, em razão da festa de São Jerônimo, celebrada no dia 30.  São Jerônimo, que viveu entre 340 e 420, foi o secretário do papa Dâmaso e por ele encarregado de revisar  a tradução  latina da Sagrada Escritura. Essa versão latina feita por São Jerônimo recebeu o nome de Vulgata, que, em latim, significa popular  e o seu trabalho é referência nas traduções da Bíblia até os nossos dias.
Ao celebrar o mês da Bíblia, a Igreja nos convida a conhecer mais a  fundo a Palavra de Deus, a amá-la, cada vez mais, e a fazer dela, cada dia, uma leitura meditada e rezada.  É essencial ao discípulo missionário o contato com a Palavra de Deus para ficar solidamente firmado em Cristo e poder testemunhá-lo no mundo presente, tão necessitado de sua presença. “Desconhecer a Escritura é desconhecer Jesus Cristo e renunciar a anunciá-lo. Se queremos ser discípulos e missionários de Jesus Cristo  é indispensável o conhecimento profundo e vivencial da Palavra de Deus. É preciso fundamentar nosso compromisso missionário e toda a nossa vida cristã na rocha da Palavra de Deus” (DA 247).
A Bíblia contém tudo aquilo que Deus quis nos comunicar em relação a nossa salvação. Jesus é  o centro e o coração da Bíblia. Em Jesus se cumprem todas as promessas feitas  no Antigo Testamento para o Povo de Deus.
Ao lê-la, não devemos nos esquecer que Cristo é o ápice da revelação de Deus. Ele é a Palavra viva de Deus. Todas  as palavras da Sagrada Escritura tem seu sentido definitivo Nele, porque é no mistério de sua morte  e ressurreição que o plano de Deus para a nossa salvação se cumpre plenamente.

Mensagem aos Catequistas

Querido e querida Catequista!

É a primeira vez que estou me comunicando com você catequista desde que assumi a presidência da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico‐Catequética. E faço‐o até comovido, sabendo o que significa cada catequista na nossa Igreja no Brasil. O que seria da nossa Igreja espalhada por todos os recantos do imenso território brasileiro sem os/as catequistas? Somos indispensáveis na educação da fé apostando no sentido pleno da vida.

Aliás, falando da fé, as atuais Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil – DGAE 2011‐2015, afirmam no número 37: “A fé é dom de Deus! ‘Não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande idéia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva’ (Bento XVI, Deus Caritas est, n. 1). Por sua vez, este encontro é mediado pela ação da Igreja, ação que se concretiza em cada tempo e lugar, de acordo com o jeito de ser de cada povo, de cada cultura. A descoberta do amor de Deus manifestado em Jesus Cristo, dom salvífico para toda a humanidade, não acontece sem a mediação dos outros (cf. Rm 10,14)”.

Ainda tendo presente as DGAE, temos duas Urgências na Ação Evangelizadora, que dizem respeito diretamente ao nosso agir bíblico‐catequético: temos o grande desafio de tornar sempre mais a nossa Igreja “casa da iniciação à vida cristã” e um “lugar de animação bíblica da vida e da pastoral”. Portanto, trabalho existe e a graça de Deus não falha!

PARABÉNS queridos/as catequistas pelo Dia do/a Catequista dentro do Mês Vocacional que estamos vivendo. A Igreja no Brasil reconhece com muito carinho essa vocação tão fundamental e apóia o “sim” dado diuturnamente a essa vocação por cada um e cada uma.

Um abraço fraterno, com a bênção do nosso Deus Trindade e a proteção de Maria, a educadora da fé por excelência,

Dom Jacinto Bergmann,

Arcebispo de Pelotas e

Presidente da Comissão Episcopal Pastoral

para a Animação Bíblico‐catequética

domingo, 31 de julho de 2011

CNBB promove encontro em Brasília para debater as DGAE



As novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE), que foram aprovadas na última Assembleia Geral, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em maio deste ano, serão tema de estudo e debate dos Assessores e Secretários Executivos dos Regionais, da CNBB, na Casa de Retiros Assunção, em Brasília, de 2 a 4 de agosto.

No encontro constam palestras, feitas pelo secretário geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner e pelos teólogos convidados, padre Joel Portella Amado e Agenor Brighenti. Os dois teólogos foram convidados e serão os orientadores do encontro.

A programação tem ainda debates e reflexões sobre “A espiritualidade das Diretrizes”; “Gênese e fundamento das Diretrizes”; “As urgências da Evangelização”; “Urgências na ação Evangelizadora e perspectivas de ação”; “Plano de Pastoral e processo de planejamento”; “Passos metodológicos na elaboração de um plano de Pastoral”, entre outros.

O secretário geral da Conferência dos Bispos, dom Leonardo Ulrich Steiner, explicou a ideia do encontro. “O Conselho Permanente (da CNBB), reunido em junho de 2011, acolhendo a sugestão do Grupo de Assessores e dos Secretários Executivos dos Regionais, decidiu, por unanimidade, que se realize o encontro para estudo e operacionalização das Diretrizes”, destacou.

Para o subsecretário adjunto geral da CNBB, padre Antônio da Paixão, o objetivo do encontro é conhecer, rezar e viver as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil. “O objetivo também é de operacionalizar as Diretrizes, em processo orgânico de planejamento, nas Comissões Episcopais Pastorais, nos Regionais e dioceses, nos Organismos e Movimentos da CNBB”.

Ainda de acordo com o padre Antônio, são esperadas mais de 50 pessoas, de todo o país, para esse encontro.

A Casa de Retiros Assunção fica no endereço: SGAN L2 Quadra 611.

Saiba mais sobre as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, acessando o link:www.cnbb.org.br/diretrizes/.

Clique aqui e baixe as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora no Brasil 2011 – 2015.

Arquidiocese rende homenagem ao Santíssimo Salvador

A Arquidiocese de Olinda e Recife celebra entre os dias 3 e 5 de agosto, o Tríduo em honra ao titular da Igreja Catedral e padroeiro de Olinda, Santíssimo Salvador. O ponto alto da festa será no dia 6, quando os fiéis participarão da procissão, que sairá da Igreja São Pedro Mártir, e seguirá até a Catedral da Sé, onde o arcebispo metropolitano, dom Antônio Fernando Saburido, preside a Concelebração Eucarística de encerramento das festividades.

A programação da tradicional homenagem ao Santíssimo Salvador será aberta com a Procissão da Bandeira saindo, às 18h, da Igreja Matriz do Sagrado Coração de Jesus, do bairro de Águas Compridas, em Olinda. Os devotos seguem em carreata até a Catedral da Sé, onde, às 19h, será celebrada a Santa Missa. Nos dias 4 e 5, as celebrações seguem o mesmo horário, começando às 19h. Todos os dias paróquias que fazem parte da cidade de Olinda são convidadas a participar das festividades.

No dia 6, dia do padroeiro, quando se celebra a Transfiguração do Senhor, as comemorações iniciam às 8h, com a Alvorada Festiva, queima de fogos e repique de sinos. Em seguida, o pároco de São Pedro Mártir, monsenhor Valdenito Oliveira, dirige o momento de oração. Já às 16h, a procissão com a imagem do Santíssimo Salvador percorrerá as ruas do Sítio Histórico de Olinda em direção à catedral, onde dom Fernando presidirá a Missa de encerramento da festa.

Clique nas imagens e baixe a programação da Festa do Santíssimo Salvador



terça-feira, 26 de julho de 2011

Pe. Baronto apresento itinerário da Iniciação Cristã segundo o RICA



O segundo dia iniciou com uma oração organizada pelo pessoal do estado de Alagoas, na capela do seminário São José, em seguida todos foram ao auditório e o prof.  Aderson Viana, da arquidiocese de Olinda e Recife, representante do regional NE II, apresentou uma proposta de elaboração de um itinerário de iniciação cristã, para o esse regional, a partir da produção de dois manuais de catequese para jovens e adultos não batizados e batizados não evangelizados, porém é necessário que o grupo escolha dois catequistas, além do coordenador do regional de catequese para ajudar na elaboração desses manuais. Posteriormente, Pe. Baronto iniciou seus trabalhos apresentando um esquema criado pelo Pe. Domingos Ormonde e Pe. Kleber R.Silva, mostrando o itinerário da iniciação cristã segundo o RICA, para situar algumas pessoas que não participaram dos encontros passados. Depois ele trabalhou o texto criado por ele: “Os Ritos de Passagem e sua importância para a compreensão e prática da iniciação cristã”. Onde enfatiza que os ritos de passagem servem para garantir a transformação do estado de vida. E que do ponto de vista antropológico, a iniciação assume uma dimensão de processo socializante, no sentido de introduzir gradualmente a pessoa num grupo social, numa doutrina e numa profissão. No sentido cristão, é um processo gradual de fé realizado pelo convertido com ajuda de uma comunidade de fiéis, para tornar-se membro da mesma por meio dos sacramentos de entrada e da ação do Espírito Santo.

O momento da tarde iniciou com Pe. Adilson informando sobre o I Congresso de Animação Bíblica da Pastoral  e convidou todas as dioceses do regional NE II a participarem. Em seguida todos recebem o texto de Pe. Baronto “Iniciação Cristã e Renovação de Paradigmas”, anexo ao texto tem uma carta de um jovem que conta o comportamento dele durante a caminhada para receber o sacramento da confirmação, ela foi lida em grupo para se perceber o caminho de sua iniciação cristã dele. Depois Pe. Baronto expõe que a iniciação cristã necessita do evangelho de São Marcos para se orientar, pois marcos quer dar o gosto de avançar em liberdade e confiança, num mundo em mudança, avaliando as possibilidades e limites de cada ambiente, estando atento aos novos traços culturais, que vem modificar a relação com o religioso e marca a cultura deles. Para renovar o paradigma é preciso passar da perspectiva do rio para a fonte, passando dos cursos para os percursos, trilhando caminhos novos que levam ao coração do mistério, com guias pertinentes. Por fim propôs percursos e apresentou a paróquia como uma rede.

A noite houve a celebração eucarística, presidida pelo Pe. Baronto e concelebrada por Dom Mariano e demais padres presentes. Em seguida, Pe. Baronto vivenciou com o grupo um roteiro para um encontro de catequese de adultos, tendo como ponto central a celebração eucarística, primeiro houve a acolhida, apresentações, momento de meditação individual em silêncio, no segundo momento foi recordado uma lembrança de experiências de gratidão do grupo, no terceiro momento foi feita uma leitura orante do texto bíblico da ultima ceia e da oração eucarística V, no quarto momento todos partilharam o que levariam do encontro para sua vida e por fim houve uma partilha de alimentos, em ação de graças.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

CNBB promove, em outubro, Congresso sobre Animação Bíblica da Pastoral


A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realiza, de 8 a 11 de outubro, em Goiânia, o 1º Congresso Brasileiro de Animação Bíblica da Pastoral. O evento, que é organizado pela Comissão Episcopal Pastoral para Animação Bíblico-Catequética da CNBB e pela Sociedade dos Catequetas Latino-americanos (Scala), pretende reunir 500 pessoas de todo o país.
“Um dos objetivos do Congresso é dinamizar o processo de reflexão e ação da Igreja, fazendo com que cada fiel, cada pastoral e as demais iniciativas eclesiais sejam perpassadas pela Palavra de Deus”, explica a assessora da Comissão Bíblico-catequética, Maria Cecília Rover.

As 500 vagas foram distribuídas proporcionalmente pelos 17 Regionais da CNBB e destinam-se aos secretários executivos dos Regionais; coordenadores regionais da Animação Bíblico-catequética (ABC); bispos referenciais da ABC nos regionais; biblistas; padres, seminaristas, agentes de pastorais e movimentos, líderes de animação bíblica.

Segundo Cecília Rover, a distribuição das vagas está sendo feita pelos coordenadores da Animação Bíblico-catequética de cada Regional . As fichas de inscrição deverão ser enviadas para esses coordenadores até a próxima quinta-feira, 15. Após esta data, os contatos deverão ser feitos diretamente com a Comissão Bíblico-Catequética da CNBB, em Brasília (DF).

As conferências do Congresso serão feitas por teólogos e biblistas. Estão confirmados dom Jacinto Bergmann, dom Juventino Kestering, padre  Joel Portela, frei Carlos Mesters padre Agenor Brighenti, e Francisco Orofino, irmã Maria Aparecida Barboza e Katiuska Cáceres.

Uma série de artigos está sendo publicada no site da CNBB em preparação a Congresso. Para ler os artigos, clique aqui.

Conheça a programação completa do Congresso.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

INICIAÇÃO CRISTÃ

1. A URGÊNCIA DE UM PROJETO SÓLIDO DE INICIAÇÃO CRISTÃ

Vivemos em um tempo de mudanças velozes que traz a todos a sensação de relatividade da vida, de caducidade de todo conhecimento dito definitivo, de instabilidades quanto a valores e princípios existenciais e éticos, de incertezas quando ao futuro da humanidade e do planeta. A globalização em todas as suas dimensões, o avanço desenfreado da técnica e do mundo virtual, as pesquisas e descobertas científicas, o descontentamento em relação aos sistemas de governo e econômicos, as grandes convulsões sociais, se, por um lado, trazem um forte apelo ao ser humano para que assuma e se assenhoreie de sua história, acredite no seu potencial e conquiste um mundo melhor, por outro lado coloca este mesmo ser humano num chão de inseguranças e confusão. O medo, a decepção com as lideranças, a desconfiança em relação a tudo o que se apresente como definitivo e absoluto, a fragmentação da realidade em detrimento da visão de um todo unificado, são algumas das atuais características que marcam o homem “líquido”, que vive numa época “líquida”(Z. Bauman), carente de sentido e em busca de realização.

Neste contexto complexo e plural situam-se os adultos e crianças, “ovelhas sem pastor”(cf. Mc 6,34) aos quais o Senhor continua enviando os seus discípulos missionários: “Ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel”( cf. Mc 10,5-6). São eles, principalmente os adultos, os destinatários e também sujeitos da evangelização hoje. São eles que, junto aos inúmeros questionamentos por conta do momento histórico que vivemos, querem também respostas a questões profundas relativas à sua sede de sentido e realização para a vida. São eles que buscam, muitas vezes até sem saber que o fazem, um encontro com o Único capaz de lhes preencher o coração, como um dia Ele fez à Samaritana, ao dizer: “Sou eu, que estou falando com você!” (Jo 4,26).

Grande parte dessas pessoas não foi, de fato, evangelizada, ainda que já tenha ouvido falar de Jesus. A maioria recebeu um “verniz” de Evangelho, que não lhe chegou ao cerne, por conta de uma catequese intelectualizada e moralista, com pouca ou nenhuma repercussão na vida cotidiana. Na visão de muitos, a Igreja tornou-se um grande pronto socorro, ao qual se recorre na hora de uma aflição ou necessidade, tendo o padre como agente credenciado para lhes oferecer remédio e cura imediata, através de um sacramento visto de maneira mágica, de uma bênção ou de uma graça a ser negociada com seu santo predileto. Sem contar aqueles que se desencantaram com a Instituição ou, por vários motivos, se afastaram (ou foram afastados!) dela...Um grande leque se abre, apontando para tantas direções de adultos que, ainda que não peçam, precisam de uma resposta eficaz e séria da Igreja, que supere em muito a maquiagem dos “cursinhos intensivos” para Sacramentos.

2. O MODELO CATECUMENAL

Nesses quase dois mil anos de missão, a Igreja foi tentando se adaptar as exigências de cada época, ora com mais eficácia, ora com parcos resultados. O catecumenato, processo catequético de iniciação dos primeiros séculos, foi uma maneira muito criativa encontrada para responder às urgências da época, tornando-se “verdadeira escola de fé” (cf. DGC 130). Hoje ele é proposto pela Igreja como modelo, visto apresentar elementos muito importantes, que, adaptados à nossa realidade, podem contribuir eficazmente na elaboração de itinerários próprios para cada contexto, para repensarmos o processo evangelizador e catequético atual. É importante ressaltar que a ideia de “modelo” apresentado pelos Diretórios Geral e Nacional de Catequese, bem como por outros documentos, não significa que se deva impor a mesma metodologia dos primeiros séculos, mas que o catecumenato antigo sirva antes de inspiração, leve-nos a uma mística, a um estilo iniciático de encontro e introdução da pessoa no mistério de Cristo, para que alcance a maturidade da fé e possa dizer, como concluiu o apóstolo Paulo: “Já não sou eu mais que vivo; é Cristo que vive em mim!” (Gl 2,19).

3. A INSPIRAÇÃO CATECUMENAL

Mas, que elementos são esses? O que podemos aprender com as primeiras comunidades e experiências cristãs? Em que o catecumenato primitivo pode nos inspirar? Estas perguntas não têm respostas acabadas. A reflexão atual da Igreja, também no Brasil, tem apontado pistas bastante interessantes para iluminarmos nossa catequese, especialmente com adultos, aos quais todos os esforços devem ser envidados, visto serem eles os destinatários prioritários da ação evangelizadora da Igreja. Podemos citar alguns desses elementos:

a) Passagem de uma catequese sacramentalizadora para uma catequese evangelizadora

Enquanto insistirmos numa catequese com finalidade somente sacramental, “para” a primeira Eucaristia ou Crisma, não daremos conta de uma realidade muito mais ampla que nos desafia e questiona: uma multidão de pessoas que busca e necessita de um encontro com a Boa Notícia da Vida e do amor, de uma experiência com o Cristo que possa suportar uma vida inteira, numa fé madura e comprometida com o Reino. Se o foco for apenas sacramental, a maior parte das pessoas continuará à margem da vida eclesial, por não se enquadrarem em nossos critérios e “pacotes” canônicos e pastorais! Isso não significa que os Sacramentos não tenham o seu lugar, mas este não será o de meta ou ponto de chegada!

b) Cristo como centro e referência da catequese

Apresentar a pessoa de Jesus, sem maquiagem e fundamentalismos, como sentido máximo para a vida, muito além da Instituição, é fundamental! Proporcionar o encontro com Ele e a experiência do seu amor...Isso exige uma catequese mais “enxuta”, voltada para o essencial, despojada de tantos conteúdos e temas que podem ser compreendidos ao longo de toda a vida cristã.

c) O papel fundamental da comunidade cristã

A comunidade está ausente dos nossos atuais itinerários catequéticos. Não podemos nos esquecer de que ela é fonte, conteúdo, agente e ponto de chegada do cristão iniciado e maturo no testemunho cristão. É ela que acolhe, motiva, ajuda e testemunha a fé no cotidiano dos catequizandos em processo de educação da fé.

d) A interação Catequese-Liturgia

No início do cristianismo não havia compêndios e livros catequéticos. Rezava-se o que se acreditava. Acreditava-se no que se rezava. A liturgia era e precisa continuar sendo formadora e educativa do cristão, ainda que sua natureza seja celebrativa e não discursiva. O jeito de celebrar, os elementos simbólicos e rituais, a Palavra e boas homilias formam eficazmente o cristão.

e) O acompanhamento personalizado

Ainda que demande um número maior de pessoas disponíveis para a tarefa catequética, vale a pena investir num acompanhamento personalizado dos catequizandos, visto que cada um tem um ritmo, uma experiência de vida e uma cosmovisão diferente do outro. Atente-se, entretanto, para não particularizar radicalmente a caminhada, perdendo-se, assim, o vínculo essencial com a comunidade.

f) O envolvimento da família do catequizando

É na família que o catequizando convive boa parte de seu tempo e é lá que preferencialmente se dará o testemunho cristão. Descobrir meios para envolver e atingir a família daqueles que são acompanhados no processo catequético é de grande importância.

g) Catequese a partir da vida e para a vida do catequizando

O ponto de partida da catequese não é o livro, nem as definições teológicas, mas sim a vida do catequizando. O acompanhamento personalizado e o bom senso do catequista permitem uma consideração do catequizando a partir de seu contexto, de sua realidade social, econômica, política, cultural, religiosa, existencial...Se a catequese não incidir na vida, não transformá-la, se envidarão esforços por quase nada!

h) Processo gradual e permanente

O processo catequético precisa respeitar o desenvolvimento natural da pessoa, em seus aspectos essenciais. Absorver certos conteúdos fortes e relevantes demanda tempo, paciência, construção diária, foco no essencial. Por isso fala-se de catequese permanente, desde o útero materno até a hora da morte!

i) O lugar essencial da Palavra de Deus

A Palavra de Deus, escrita na Bíblia e na vida, precisa ocupar um lugar de destaque na catequese, pois a sua meditação ajuda o catequizando a perceber a história de salvação que continua hora e a presença constante do Deus na vida na sua história pessoal, com força de libertação.

j) A unidade teológica dos Sacramentos de Iniciação Cristã

Se cronologicamente dificilmente se conseguirá uma unidade dos Sacramentos de Iniciação, importa que o catequizando perceba a unidade teológica que há entre eles, não fragmentando as vivências sacramentais ou isolando um do outro, sob pena de vincular-se efetivamente a nenhum deles e empobrecer a vida cristã.

k) Compromisso Sócio-transformador

O princípio de interação Fé-Vida, fundamental característica da Catequese Renovada, na mais fiel tradição da Igreja latinoamericana, é princípio que deve iluminar todo itinerário de iniciação cristã, garantindo que a opção preferencial de Jesus Cristo pelos pobres e marginalizados seja sempre atualizada e assumida no testemunho do cristão amadurecido e implicado com sua fé. É na vivência do compromisso sócio-transformador da sua realidade que o iniciando ( e iniciado!) vai dando sinais de adesão a Jesus Cristo e ao seu projeto de justiça, vida e fraternidade, especialmente em nosso continente marcado pela exclusão social e desrespeito à vida de tantos irmãos empobrecidos, muitos na linha de miséria. Ênfase seja dada à defesa da qualidade de vida no planeta e a ações transformadoras que garantam ao ser humano a dignidade e à vida em plenitude.

l) Educação para o Ecumenismo e para o Diálogo Religioso

Em um mundo globalizado e plural, no qual a diversidade é cada vez mais entendida como valor e riqueza, é de grande importância que o cristão maduro na fé assuma atitudes de respeito e valorização das diferenças individuais e de grupos, especialmente religiosos. O processo de iniciação deve colaborar na educação do cristão para que este saiba acolher o seu próximo sem preconceitos, abrir-se ao diálogo religioso e a perceber as sementes do Reino de Deus espalhados em todos os povos e culturas. Consciente de sua fé católica, mas sem fundamentalismos ou proselitismos, a pessoa que trilha o caminho da iniciação cristã é o homem/mulher da paz, do entendimento e, sobretudo, do amor que a todos aproxima, muito além das divisões sociológicas ou culturais da religião ou de qualquer outro partidarismo.


Pe. Vanildo de Paiva